Uma ode à América. Desde que fez sua estreia na marca Calvin Klein, em 2017, Raf Simons tem deixado claro que pretende respeitar o legado da grife, sem abrir mão da sua visão de estilo – permeada por referências avant-garde e artísticas, que fique bem claro.
Não à toa, antes mesmo de apresentar sua primeira coleção na NYFW, ele desenvolveu uma nova logomarca, criou uma linha de peças feitas sob medida e lançou a campanha da Calvin Klein Jeans, misturando os básicos da label com obras de Andy Warhol, Richard Prince e Sterling Ruby.
O clima artsy seguiu pela coleção de ready-to-wear, onde a típica alfaiataria anos 90, praticamente sinônimo do estilo minimalista, ganhou tonalidades fortes, viés esportivo e detalhes inusitados, como plumas, vazados, mangas desabadas e trench coats revestidos de plástico.
Ousadia na essência
Embora seja muitas vezes associada ao estilo despojado americano, a moda Calvin Klein é moderna na essência e se tornou uma máquina de lançar tendências.
Criada em 1968 pelo estilista Calvin Klein, foi a primeira a colocar o jeans na passarela, antecipando o boom do jeanswear premium e das marcas que beberam dessa fonte – caso da Diesel, por exemplo. Desde então, a calça Calvin Klein é peça cobiçada.
Na década de 90, colocou em voga o minimalismo e a polêmica estética “heroin chic”, capitaneada por Kate Moss, modelo que ganhou destaque mundial ao ser escolhida para protagonizar a icônica campanha do perfume Obsession, aos 18 anos. “Uma das primeiras coisas que fiz quando cheguei na Calvin Klein foi olhar os arquivos de Obsession”, confessa Simons.
Nas telas do cinema, Alicia Silverstone (no papel de Cher Horowitz) usava um tubinho branco tão minimalista (e curto!) em As Patricinhas de Beverly Hills que seu pai perguntou: “Cher, o que você está vestindo?” e ela respondeu: “Um vestido!”. Ao que o pai replicou: “Quem disse?” e ela conclui: “Calvin Klein”.
Underwear Calvin Klein
Da mesma forma, as campanhas de underwear marcaram época e colocaram a lingerie Calvin Klein até no cinema – basta lembrar de uma cena de De Volta para o Futuro, quando o personagem Marty McFly se apropria do nome escrito em sua cueca.
Desde então, o icônico elástico com o nome Calvin Klein tem roubado a cena – seja em campanhas com Justin Bieber, seja nos cliques de Instagram de Gigi Hadid e Kendall Jenner, que também aparece ao lado da família na nova campanha #mycalvins.
Aliás, o que falar da campanha, dirigida por ninguém menos que Sofia Coppola? “Eu amo a ideia que a Calvin Klein tem de mulheres e homens americanos”, diz a cineasta, que escalou mulheres entre 18 e 70 anos para os cliques – Lauren Hutton, Kirsten Dunst e Chase Sui Wonders são algumas delas.
Evolução da espécie
Como boa trendsetter, a marca Calvin Klein faz, como poucas, a roda girar. Entre os desfiles mais emblemáticos, por exemplo, está o de primavera 2015, quando o brasileiro Francisco Costa, então diretor de estilo, reintroduziu o slip dress.
Originalmente de 1994, o vestido se transformou em ícone da década e chegou ao novo milênio de cara nova, na companhia de sneakers e blazers oversized, roubados do namorado.
E ainda é possível ver resquícios da ideia na coleção de outono 2017, já sob a batuta de Raf Simons: onde o mix entre masculino e feminino, entre lingerie e alfaiataria, deu o tom da apresentação.
Sucesso em série
Fã de filmes e séries, Raf Simons trouxe a cultura do faroeste para o desfile da primavera 2018 da Calvin Klein 205W39NYC, com xadrez, jeans e clima caubói.
Para completar, um toque de Hitchcock, visto também na moda masculina Calvin Klein 205W39NYC, que mantém esse clima de mistério nas blusas de gola alta e trench coats. “A moda tenta esconder o horror e abraçar a beleza, mas ambos fazem parte da vida”, disse o estilista.