Muitas vezes associados aos movimentos punk e gótico dos anos 70 e 80, os coturnos foram originalmente criados para serem usados por soldados. Da origem militar às conotações subversivas, o calçado percorreu um longo caminho e hoje é possível aprender como usar coturno em várias ocasiões.
SELEÇÃO ESPECIAL DE COTURNOS
De Roma às semanas de moda
Tão antigos quanto o Império Romano, os coturnos foram inventados para os soldados que saíam em campanhas militares, fazendo com que os modelos ganhassem pontas metálicas em sua sola para se adequar a vários terrenos.
A partir da Segunda Guerra Mundial, essas pontas metálicas foram substituídas pela sola tratorada de borracha, uma forte tendência nos últimos anos que se espalhou da moda coturno para outros estilos, como as botas chelsea, sandálias e sapatos de aventura.
Uma das grifes responsáveis por popularizar o modelo foi a alemã Dr. Martens. A partir dos anos 70, seus coturnos se tornaram peças icônicas justamente por conta dos punks, que os adotaram como parte essencial de seus looks. Antes disso, porém, os calçados da marca transitavam pelo campo de batalha.
Personalidade versátil
Quando Klaus Märtens, médico do exército alemão, machucou o tornozelo durante a Segunda Guerra, resolveu criar um novo modelo de bota que fosse mais confortável, com sola acolchoada e couro mais macio.
Dois anos depois, junto a um amigo da faculdade, Märtens fundou a grife. Nos anos 50, os coturnos da marca viraram mania entre as donas de casa alemãs, abrindo caminho para o universo Dr. Martens feminino. No final da década, porém, o grupo inglês Griggs comprou a empresa e levou os calçados para o Reino Unido, onde passou a ser usado por carteiros, policiais, fazendeiros e outros trabalhadores.
Como muitos dos punks e new wavers dos anos 70 eram também funcionários de fábricas, o coturno acabou assimilado à moda desses jovens que, de lá pra cá, continuam ditando tendência: em 2016, por exemplo, as atrizes Alicia Vikander e Michelle Williams combinaram modelos de coturno feminino com vestidos durante o Met Gala.
Moda de contrastes
Esse mix de contrastes teve seu auge no começo dos anos 2000, quando o estilo rock dominava a cultura jovem tanto na música quanto na moda. Entre o pop punk e as bandas de heavy metal, uma semelhança era garantida: o look com bota.
Cantoras como Avril Lavigne e Amy Lee, do Evanescence, foram algumas das influências na hora de mesclar, por exemplo, o look bailarina com tutu e coturno preto. Mais tarde, essa inspiração chegou à moda boho que apresentou uma nova forma de combinar coturnos com vestidos delicados, esvoaçantes e de estampa floral, assim como proposto pela Valentino para o inverno 2017.
Os calçados, aliás, ganharam estampas mais meigas, tanto na Dr. Martens quanto na primavera 2017 da Alexander McQueen, que trouxe de volta o cano alto, também visto na coleção masculina da Dsquared2
Batendo continência
A essência original do coturno – o estilo militar – também continua em alta. Para os homens, o calçado surge junto a jaquetas pesadas, como as parkas do inverno da Burberry ou os modelos bomber apresentados pela Moschino. O coturno dá um up ainda maior no look feminino quando acompanhado de um estilo andrógino, com camisas e calças mais largas, especialmente em tons como verde-oliva e marinho.
Também é possível inovar na inspiração militar com peças como um blazer estruturado ou mesmo vestidos de botões, como proposto pela Altuzarra. Inclua cintos mais grossos da mesma cor dos coturnos para deixá-los ainda mais em evidência.
Vale lembrar que, apesar de serem frequentemente associados aos modelos flat, há também coturnos com saltos mais altos, como plataforma ou até mesmo anabela – vide as passarelas de grifes como Prada e Louis Vuitton.
Caso queira adotar o look coturno à noite, modelos de salto alto e acabamento metálico são os mais recomendados. Já os flats podem se tornar parte do seu dia a dia ou mesmo bons parceiros em viagens – só não esqueça que muitos coturnos levam tempo para amaciar.