Das estampas aos cortes, a moda oriental começou a ganhar força no ano passado e continua sendo uma tendência forte que estará presente até mesmo no próximo verão.
A Cia Marítima, por exemplo, está levando os kimonos para a moda praia, provando a versatilidade do estilo. Adam Lippes também se inspirou nos kimonos em sua coleção resort deste ano com uma referência ao clássico cinto obi.
E a moda japonesa vai além, se multiplicando nas passarelas em estampas florais, tecidos acetinados e ainda em um mergulho dos designers ocidentais na cultura pop do país.
Novos kimonos
Em sua performance no Grammy de 1999, Madonna lançava um de seus looks mais icônicos: um kimono vermelho assinado por Jean Paul Gaultier. Segundo a cantora, a roupa de estilo geisha era uma “grande metáfora” de sua vida no entretenimento: “Por um lado, você é privilegiada, por outro, é uma prisioneira.”
Sua versão glamorosa encontra paralelos principalmente no tapete vermelho, como no look de Georgia May Jagger no Met Gala do ano passado. A modelo britânica usou um vestido estilo oriental assinado pela Gucci, que manteve essa tendência em sua coleção de outono deste ano.
Com um estilo mais sexy, a Balmain reviveu o kimono com estampas chinesas e em couro na coleção resort de 2015. A silhueta da peça, no entanto, continua presente nas coleções mais recentes de Olivier Rousteing, que têm como proposta justamente os ombros mais largos e a cintura demarcada.
Origami minimalista
A tradicional técnica japonesa de dobradura também tem seu espaço na moda como referência para cortes e sobreposições geométricas, encontradas principalmente em coleções de estilo minimalista.
São os próprios asiáticos os principais estilistas que utilizam a inspiração do origami, tendo a proposta como um ponto de partida para criações mais desconstruídas e experimentais: dos vestidos em 3D de Yohji Yamamoto às roupas esculturais da Comme des Garçons sob o comando de Rei Kawakubo.
Por outro lado, no Ocidente, o experimentalismo do origami ficou marcado principalmente pelas criações de Gaultier para Lady Gaga, enquanto designs mais discretos fizeram parte da coleção de resort de Roland Mouret, que incluiu também kimonos, estampas e plissados.
Muito além do uniforme
E por falar em plissado, ainda que a técnica seja frequentemente associada às saias de uniforme escolar, ela também pode aparecer em um look oriental com inspiração nos samurais. Conhecida como hakama, a calça plissada é tipicamente masculina, apesar de ganhar versões em saias e calças cropped femininas.
Por outro lado, a estética naval incorporada nos uniformes japoneses virou um clássico da cultura pop, graças aos famosos animês e mangás produzidos no Japão, e foi uma das principais inspirações da Louis Vuitton em sua coleção de primavera 2016.
Propondo saias acima do joelho, ora plissadas, ora bufantes, a coleção de Nicolas Ghesquière trouxe um aspecto futurista e pop incluindo também saias em estilo origami. A grife mergulhou tão fundo na cultura japonesa que chegou a fazer uma campanha usando uma personagem da série de videogames Final Fantasy.
Hong Kong Garden
Tão fascinante é a moda oriental que mesmo a subcultura gótica nos anos 80 se apropriou do estilo, especialmente quando a cantora britânica Siouxsie Sioux lançou a música Hong Kong Garden, unindo assim seu estilo dark com a referência da maquiagem do Kabuki, modalidade de teatro japonês.
Mas o que mais se firmou entre as amantes do rock ’n’ roll foi a delicadeza da estampa floral asiática. Desde aquelas com um estilo mais folk, como Florence Welch (que já foi vista usando um kimono da Gucci), até propostas mais glam rock e vintage, como a da blogueira Tessa Diamondly.
E para além do kimono com sua dramática manga oriental, a estampa de flores também ganhou roupagem ocidentalizada nas coleções de outono deste ano da Fendi e da Etro. Ambas criaram modelos de casacos e sobretudos que levam o brilho acetinado e a estampa floral japonesa.
Nas ruas, a jaqueta bomber com bordados ou estampa floral é a grande tendência já antecipada por Emilio Pucci e Jonathan Saunders. A peça voltou para a primavera deste ano na coleção masculina da Louis Vuitton, mas Kate Moss provou que roupas não têm gênero ao vestir uma das bombers de Kim Jones no começo do ano.
Harajuku girls
Apesar de ter invadido as passarelas, é nas ruas que a moda japonesa mostra toda a sua diversidade e criatividade, provando que sua inspiração pode ir desde a cultura tradicional até o experimentalismo da alta-costura e a customização encontrada no street style.
E não há lugar melhor para ver o estilo in loco do que o bairro de Harajuku, em Tóquio, um dos principais pontos de encontro entre fashionistas e subculturas.
O bairro chegou a cativar celebridades como Gwen Stefani justamente por conta da diversidade de estilos que colorem a região: de gothic lolitas a ganguros, as ruas de Tóquio são palco também de fãs de J-rock (rock japonês) e cosplayers em looks extravagantes e ornamentais.
Levando para as roupas toda a riqueza de suas culturas, a tendência da moda oriental prova que pode ir desde elementos históricos até um lado mais subversivo e criativo. Seja trazendo de volta figuras icônicas, como samurais e geishas, seja brincando com estilos variados para criar uma proposta altamente contemporânea, mas inegavelmente oriental.