Considerado tão talentoso quanto controverso, o estilista Hedi Slimane nasceu em Paris em 1968 e descobriu cedo o talento para as artes.
Aos 11 anos, fazia experiências com fotografia em preto e branco e, aos 16, passou a criar as próprias roupas, desenvolvendo, já a partir da juventude, o olhar para a inovação e a habilidade para criar objetos de desejo imediato.
Dom de inovar
Depois de estudar História da Arte na École du Louvre e trabalhar com o consultor de moda Jean-Jacques Picart em uma exposição em homenagem à Louis Vuitton nos anos 90 (em um projeto que reuniu importantes estilistas de moda, como Helmut Lang e Manolo Blahnik), o designer teve atuação decisiva no estilo de grifes como Saint Laurent e Dior Homme. Agora, espera-se o mesmo bom desempenho como diretor criativo da Céline.
Não é exagero dizer que revolucionou a moda masculina feita na Dior Homme nos anos em que atuou na maison, entre 2000 e 2007. Ele criou o estilo que ficou conhecido como “new skinny silhouette”, ou nova silhueta magra, influenciando até mesmo os melhores estilistas do mundo, como Karl Lagerfeld, que declarou ter perdido peso especialmente para poder vestir as roupas projetadas por Slimane.
Moda e música
O talento do designer extrapola a moda francesa. A performance bem-sucedida à frente da Dior Homme rendeu a ele o prêmio CFDA (Council of Fashion Designers of America) de Melhor Estilista Internacional em 2002, entregue pelas mãos de ninguém menos do que David Bowie. Durante o período em que esteve à frente da grife, Slimane manteve o interesse em fotografia e publicou vários livros, como Berlin, que retrata a cena clubber alemã.
Dono de um estilo cool ligado à música e à cultura jovem, o designer e fotógrafo mantém uma relação próxima tanto com artistas consagrados quanto com bandas independentes, com quem costuma trabalhar. Além de criar roupas masculinas para Mick Jagger, Libertines, Jack White, Franz Ferdinand e The Kills, entre outros, Hedi Slimane investe nas colaborações musicais. O trio de Los Angeles Cherry Glazerr, que compôs “Had Ten Dollaz” para o desfile de outono 2014 da Saint Laurent, é um de seus queridinhos.
Grande estilo
Nomeado diretor de criação da Saint Laurent em 2012, Slimane renovou a grife e ganhou ainda mais projeção entre os estilistas franceses. O designer deixou a label em 2016, mas sua saída foi em grande estilo.
O último desfile de Slimane para a grife apresentou vestidos curtos acompanhados por casacos em formato de coração – a peça desfilada para o outono 2016 se tornou um ícone instantâneo, assim como outras criações do designer enquanto esteve na maison. Em vez de criar bolsas que já eram best-sellers, Slimane investiu em acessórios incomuns – e muito desejados – como tiaras de princesa cravejadas de cristais.
Novos desafios
O ano de 2018 marcou o retorno do estilista ao grupo LVMH: o nome de Slimane foi anunciado em janeiro como o responsável pela direção artística, criativa e de imagem da marca Céline. Sua missão é supervisionar as linhas femininas e masculinas, além de artigos de couro, acessórios e perfumes.
Hedi Slimane assumiu o posto antes ocupado pela estilista britânica Phoebe Philo – que atuou durante 10 anos e foi uma das responsáveis pela consolidação do estilo elegante da grife – e se posiciona à frente de uma das marcas mais influentes do mundo atualmente. Seu primeiro desfile para a label está previsto para setembro de 2018, durante a Semana de Moda de Paris.
“Estou muito contente por me unir a Bernard Arnault nessa missão apaixonante para a Céline. Estou ansioso para voltar para esse mundo excitante da moda e para o dinamismo dos ateliês”, disse o estilista, referindo-se ao presidente do grupo LVMH. O executivo, por sua vez, declarou com toda razão: “O estilista é um dos designers de moda mais talentosos do nosso tempo”.