ícones de estilo e influenciadoressegunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Sobre os figurinos de Milena Canonero

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Assim como o roteiro peculiar, a paleta de cores saturadas e a obsessão por simetria são características que tornam os filmes de Wes Anderson imediatamente identificáveis. O figurino impecável é outro traço igualmente marcante na obra do diretor – resultado da parceria com Milena Canonero, italiana que já coleciona quatro estatuetas do Oscar em sua vasta carreira no cinema.


O mais recente deles, recebido em 2015, veio graças ao trabalho dela no longa O Grande Hotel Budapeste. Além de personagens bem construídos, as roupas usadas por eles ajudam a contar uma história que se passa em um hotel decadente em um país fictício num período entre guerras. Se, a princípio, o contexto poderia sugerir o uso de tons de cinza, o diretor e a figurinista caminham na direção contrária, propondo um colorido vibrante que se mistura aos tons pastel do cenário.

Figurinos marcantes


Especialista em figurino de cinema, Milena se inspirou no famoso quadro de Gustav Klimt Retrato de Adele Bloch-Bauer I para criar um dos vestidos que compõem a indumentária usada por Tilda Swinton. A atriz aparece transformada para dar vida à Madame D., descrita por Wes Anderson como uma colecionadora de arte com cerca de 90 anos, muito rica, bela e excêntrica.


Já o uniforme do jovem Zero Moustafa (funcionário do hotel interpretado por Tony Revolori) traz detalhes que remetem ao universo militar, como jaquetas masculinas com abotoamento frontal. A cor escolhida para a roupa, porém, foi um tom de roxo difícil de passar despercebido. “Por mais diferentes que sejam os personagens e as situações em seus filmes, Wes Anderson cria um mundo próprio e muito específico”, disse ela sobre o diretor. 


A figurinista, que já havia trabalhado com o diretor em Viagem a Darjeeling (2007), aproveitou o bom relacionamento que mantém com grifes internacionais e pediu a marcas como Prada e Louis Vuitton que desenvolvessem conjuntos de malas para O Grande Hotel Budapeste.


Queridinha de Miuccia Prada, Milena Canonero foi convidada em 2015 pela estilista para participar do projeto The Iconoclasts, no qual stylists e figurinistas de peso reinterpretavam o universo da marca, transformando a vitrine da loja da grife na Rue du Faubourg Saint-Honoré, em Paris, em uma comentada instalação. 

 

Da Itália a Kubrick 


Nascida em Turim, na Itália, em 1946, Milena estudou design de moda e figurino em Gênova. Sua carreira começou com tudo quando decidiu se mudar para Londres para terminar os estudos. 


Na capital inglesa, onde desenhava para comerciais de televisão, ela conheceu Stanley Kubrick, que a convidou para trabalhar em seu próximo filme. Sua estreia em Hollywood não poderia ter sido melhor: em 1971, Milena Canonero assinou os figurinos do filme Laranja Mecânica, hoje considerado um clássico do cinema mundial. 


Para caracterizar os drugues, integrantes da gangue que aterroriza os outros personagens na trama, a figurinista elegeu um uniforme branco composto por calças e camisas usadas com suspensórios, criando um contraste entre a pureza e a delinquência juvenil. 


Cada um dos quatro drugues diferencia-se dos outros em alguns detalhes. Além de botas masculinas, Alex (Malcolm McDowell), o chefe do grupo, usa um chapéu coco preto e cílios postiços com os quais protagoniza cenas perturbadoras que se passam em uma Grã-Bretanha futurista. O chapéu e a bengala usados pelo líder da gangue passam uma imagem de requinte e elegância de um jovem que aprecia música clássica, mas é capaz de cometer os atos mais violentos e hostis. 


Outros personagens que aparecem em Laranja Mecânica também têm caracterizações psicodélicas – caso das senhoras com cabelos coloridos –, enquanto os cenários repletos de cores remetem à pop art


Trajetória de sucesso


A partir deste momento, Milena deu início a uma carreira de sucesso no cinema, levando o Oscar de melhor figurino por Barry Lyndon (Stanley Kubrick, 1975), Carruagens de Fogo (Hugh Hudson, 1981) e Maria Antonieta (Sofia Coppola, 2006), além de ter assinado os trajes dos personagens de O Iluminado (1980), Entre Dois Amores (1985), O Poderoso Chefão – Parte 3 (1990) e Deus da Carnificina (2011). 


Se em Barry Lyndon ela criou figurinos impecáveis em relação à pesquisa e ao uso de materiais (com alguns tecidos originais do século XVIII ou fabricados e tingidos de acordo com a tecnologia da época), em Marie Antoinette a figurinista brincou com os contrastes entre vestidos e outros itens do guarda-roupa do período e ícones da cultura contemporânea, como os tênis femininos tipo All Star. 


A parceria com a diretora Sofia Coppola fez com que Milena entrasse definitivamente para a galeria dos filmes fashion. No longa, a figurinista capta com maestria a essência da época, enquanto respeita a linguagem moderna típica da diretora. 


De Kubrick a Coppola, a figurinista já emprestou seu estilo altamente criativo a alguns dos cineastas mais icônicos da história do cinema, feito que ela não subestima. “Todos os projetos em que trabalhei foram muito interessantes. Eu tenho sido muito sortuda.”

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