A história do hip hop começa como uma manifestação aliada à cultura negra. Mas, com o tempo, sua atitude contestadora e seu estilo marcante acabaram por conquistar espaço em editoriais de moda e coleções desfiladas por grandes grifes nas maiores semanas de moda.
Esporte das ruas
Disponível no Netflix, o documentário Fresh Dressed conta exatamente essa trajetória do estilo hip hopda subcultura da periferia de NY para o mundo da moda, em especial nos anos 90, quando ícones do hip hop como Snoop Dogg passaram a vestir roupas de grifes como Tommy Hilfiger.
O tema inspirou ainda The Get Down, série dirigida por Baz Luhrmann também para o Netflix com figurino que mostra bem o espírito do movimento, que começou na década de 70 e trazia o sportswear à moda de rua. Foi nessa época, aliás, que grifes como a Adidas ganhavam força ao aderir a essa cena emergente.
Nos anos 80, foram os tracksuits coloridos e as jaquetas bomber que se tornaram parte do street style dos fãs do estilo musical. Com Will Smith em Um Maluco no Pedaço, essa estética migrou para a cultura pop.
Preppy hop
Foi também nos anos 80 que grifes como Louis Vuitton, Fendi e Gucci passaram a inserir seus logos em jaquetas e calças oversized, que remetiam ao gênero musical. Com a entrada do luxo na cena, a ostentação passou a dar o tom do hip hop.
Assim, o estilo hip hop ganhou as grandiosas correntes de ouro que não eram uma tendência exclusivamente masculina, como provou a rapper Roxanne Shanté. Penetrando em universos cada vez mais diferentes, o estilo chegou até a moda preppy de grifes como a própria Tommy Hilfiger, enquanto ícones da cena musical passaram a se associar às marcas.
Um estilo de vida
Foi a partir de então que a influência de celebridades se tornou a grande tônica junto ao discurso de empoderamento negro refletido nos cortes de cabelo e nas vestimentas de grupos como Public Enemy e Queen Latifah.
Os bonés de baseball e as roupas frequentemente em cores neon dos anos 80 continuaram na década seguinte, quando a cantora Aaliyah trouxe um lado mais feminino e sensual à moda hip hop. Calças largas combinadas a blusas justas e tops esportivos vinham como uma maneira de defender a feminilidade das integrantes da subcultura, ao mesmo tempo em que mantinham suas origens.
E depois da Adidas, foi a vez da Nike conquistar seu posto na moda rap ao patrocinar o jogador de basquete Michael Jordan, que também se tornou um ícone, apesar de atuar no esporte e não na música. Era a prova de que o hip hop havia se tornado, na verdade, um estilo de vida.
O estilo hoje
No fim dos anos 90, até mesmo a Chanel aderiu a símbolos como os macacões justos, as correntes douradas, os cintos com placas e as jaquetas de pele.
Era o look ostentação que chamava cada vez mais atenção das grifes e ganhava um nome: a tendência bling bling. O nome veio do barulho que as correntes, pingentes e outros acessórios faziam quando a pessoa se movimentava. Gucci e Louis Vuitton novamente pegaram carona no estilo que, no entanto, não durou muito nas passarelas.
Nos anos 2000, com a explosão de uma nova onda de rappers e músicos de hip hop, nomes como Wu-Tang Clan e 50 Cent lançaram suas próprias marcas de roupa, um comportamento que continua sendo seguido até os dias de hoje, com iniciativas como a de Kanye West com a Yeezy e de Rihanna com a Fenty x Puma.
Atualmente, a moda hip hop é revisitada de maneira experimental e minimalista: designers como Rick Owens e Alexander Wang trouxeram para suas coleções um toque do sportswear influenciado pela moda de rua que, inevitavelmente, não desassocia suas origens do hip hop.
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