Marlon Brando tinha 29 anos de idade quando se tornou um ídolo dos jovens ao aparecer nos cinemas do mundo todo na pele de Johnny Strabler, o delinquente juvenil protagonista do filme O Selvagem, de 1953. Líder de uma gangue de motoqueiros, ele vestia jaquetas estilosas estilo biker e modelos icônicos de jaquetas de couro, enquanto dirigia uma motocicleta 1950 Triumph Thunderbird 6T.
Não à toa, a atuação de Brando no longa dirigido por Laslo Benedek marcou também toda uma geração de artistas, de James Dean a Elvis Presley, que admiravam o estilo rebelde mostrado nas telonas. Àquela altura o ator já se tornava um ícone de Hollywood, e seu estilo simples e clássico continua elegante até hoje.
Para entender quem foi Marlon Brando, basta fazer um passeio pela filmografia do ator, que ganhou o primeiro Oscar aos 30 anos graças à interpretação no filme Sindicato de Ladrões (dirigido por Elia Kazan), de 1954. Se nos tapetes vermelhos ele frequentemente podia ser visto usando ternos bem cortados, com direito a lenço na lapela, nos dias de folga o ator tinha um estilo bem mais casual.
Simplicidade elegante
No dia a dia, Marlon Brando costumava substituir as camisas por camisetas brancas ou cinzas, e usá-las com calças sem deixar de lado os cintos. Mesmo quando optava por looks simples, o ator estava sempre elegante. Mas ele também tinha lá seus truques de styling para dar um up no visual: Brando gostava, por exemplo, de puxar levemente para cima as mangas da camiseta.
O astro norte-americano, que não raro era citado entre os atores mais bonitos de sua geração, também não dispensava um bom acessório, lançando mão, muitas vezes, de cachecol e lenços no pescoço para complementar a produção. E, por falar em acessórios, os sapatos que ele escolhia também chamavam atenção. Mesmo adotando looks básicos, com calça e camiseta, ele sempre optava por modelos sociais.
Embora o ator tenha começado a carreira no teatro, trabalhando em peças como Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams, foi no cinema que Brando reinventou o conceito de galã e construiu um currículo sólido.
Experimente digitar no Google as palavras Marlon Brando biografia. É difícil não ficar impressionado: o artista foi ativista nos anos 1960, tendo participado de manifestações públicas em favor dos direitos civis e dos direitos dos indígenas, e recebeu prêmios importantes em cerimônias do Oscar, do Globo de Ouro e do BAFTA (British Academy of Film and Television Arts).
No premiado Sindicato de Ladrões, em que vive um estivador envolvido com um sindicato corrupto, o ator usa roupas de trabalhadores, com peças como jaqueta xadrez vermelho e preto e botas do tipo desert boots, em uma interpretação que leva em conta o estilo dos próprios atores para transmitir uma ideia de realismo.
Rebelde com causa
Mas foi com o filme O Poderoso Chefão, longa de 1972 dirigido por Francis Ford Coppola, que Brando alcançou o auge do estrelato. Na pele do mafioso Don Vito Corleone, considerado “o maior vilão da história do cinema”, o ator atingiu a fama e chegou até a recusar um Oscar.
Em 1973, ele mandou uma integrante do movimento indígena norte-americano para representá-lo na cerimônia de premiação em Los Angeles, como forma de protesto contra a maneira com que os índios eram tratados nos Estados Unidos.
Outros filmes com Marlon Brando ficaram famosos na década de 1970, como Último Tango em Paris (1972), dirigido por Bernardo Bertolucci e com a então desconhecida Maria Schneider no elenco, e Apocalypse Now (1979), também dirigido por Coppola.
Considerado uma obra-prima do cinema – e um estrondoso sucesso mundial de bilheteria –, Último Tango em Paris foi alvo de uma enorme polêmica envolvendo violência sexual, o que fez com que o longa fosse censurado em diversos países.
Clássico e atemporal
O estilo rebelde de ser e de vestir de Brando não influenciou apenas os artistas de fora. O charme e a rebeldia do eterno poderoso chefão também serviram como fonte de inspiração para brasileiros, como o músico Erasmo Carlos. O Tremendão, parceiro de Roberto Carlos, já chegou a declarar em entrevistas: “Elvis e Marlon Brando me deram estilo”.
Mesmo depois da morte do astro, em 1º de julho de 2004, a atitude dele continua sendo um símbolo. Martin Scorsese é quem resume bem esse espírito: o diretor costuma dizer que o ator é um marco. “Existe o antes de Brando e o depois de Brando”, diz. Alguém discorda?