Se você tem uma bata bordada, uma saia comprida ou uma calça flare no armário, há grandes chances de que o estilo boho chic faça parte da sua vida. A tendência, que segue forte já há várias temporadas, propõe uma nova leitura do estilo boêmio dos anos 60, um outro olhar para a moda hippie que tanto caracterizou a década.
O período não foi apenas importante para a música e a moda, mas foi marcado também por revoluções políticas e econômicas nas quais o próprio estilo hippie se posicionava como uma forma de negação dos valores da época.
Paz e amor
Conhecidos como uma contracultura, os hippies fizeram parte de um movimento juvenil que se iniciou nos Estados Unidos, mas se proliferou por todo o mundo.
Associados aos beatniks desde o seu nome (que vem como uma modificação do hipster, como eram chamados os beatniks à época), os hippies não só queriam ter o pé na estrada, como também defendiam em suas próprias comunidades um novo estilo de vida embalado pela música psicodélica, a revolução sexual e um discurso pacifista.
Os hippies se posicionaram fortemente contra a Guerra do Vietnã e também abraçaram as filosofias orientais para construir um novo modo de vida, enquanto criticavam os valores da classe média e as instituições da época.
Blowing in the wind
Esse novo olhar e o resgate do contato com a natureza também acabaram moldando o look hippie com suas batas, vestidos longos, calças boca de sino e uma preferência por tonalidades terrosas, peças artesanais e fibras naturais, como demonstrado pela moda folk.
Voltado para o idílico, o precursor da moda boho se traduzia em um look romântico, com referências naturais presentes em estampas florais, franjas e tecidos esvoaçantes.
Boho days aren’t over
O estilo hippie ganhou uma releitura no mundo da moda com o boho look, que por sua vez recebeu com um toque mais sofisticado pelas mãos de grifes como Gucci, Valentino e, mais recentemente, Roberto Cavalli na coleção de primavera 2017.
Esse visual também vem sendo abraçado por grandes nomes da música através das décadas, de Janis Joplin a Florence Welch. A cantora inglesa, vocalista do Florence + The Machine, se tornou uma das principais inspirações do boho chic atual. Com seus chapéus de aba larga, vestidos florais, franja e cabelos ondulados, Florence traduz com perfeição a união do estilo despojado da moda hippie com a sofisticação da moda urbana atual.
Esse encontro entre cidade e natureza se tornou a grande tônica de festivais como Coachella e Lollapalooza, onde modelos e fashionistas desfilam looks boho que incorporam peças de streetwear, como shorts jeans, a kimonos e batas de padronagem étnica.
Nesse sentido, tanto a Etro quanto a Oscar de la Renta reforçaram na primavera 2017 um retorno às raízes com looks estampados e cheios de referências étnicas, uma das tônicas do estilo boho. As grifes apresentaram peças como vestidos longos e esvoaçantes ao lado de detalhes mais ousados como fendas e decotes profundos.
O futuro é boho chic
O estilo boho continuará como uma forte tendência em 2018, como visto nas coleções mais recentes da Valentino e Zimmermann. A Ulla Johnson também traz uma interpretação delicada e leve nos vestidos florais e babados de sua coleção resort 2018, que vem cheia de batas em tons vibrantes.
Já a Anna Sui propõe uma primavera com um boho mais esotérico e misterioso. Seus vestidos e blusas trazem tons mais fechados e estampas astrológicas que resgatam a inspiração psicodélica dos hippies de um modo mais sofisticado. A Etro, por sua vez, segue com sua assinatura e mostra como o look funciona para o inverno com muito patchwork. O boho chic veio mesmo para ficar.