Botas Dr. Martens, camisas e calças puídas e customização: o movimento punk e a moda andam de mãos dadas desde os anos 70.
Tudo começou com a estilista Vivienne Westwood e seu namorado Malcolm McLaren, agente do Sex Pistols. À frente da boutique SEX, o casal foi responsável pelo visual transgressor da banda, graças a sua visão vanguardista. Eles foram os primeiros a vender roupas de couro cheias de zíperes quando o movimento paz e amor dos hippies ainda era bem forte.
O punk também introduziu o conceito DIY (do it yourself ou faça você mesmo), tendência que persiste até hoje com a customização de peças sendo cada vez mais valorizada.
God save the queen
A trajetória do movimento punk começou na cena underground de Nova York e rapidamente se espalhou pelo mundo. Nos Estados Unidos, o estilo musical nasceu em 1974, quando os frequentadores da casa de shows CBGB formaram e apoiaram bandas que se opunham ao rock progressivo da época.
No embalo da rebeldia contra o sistema político do período, o estilo punk chegou ao Reino Unido, sendo consagrado por bandas como Sex Pistols e The Clash, que pregavam ideais anarquistas se opondo ao sistema estabelecido.
Chaos to couture
Embora tenha florescido fora do mainstream, o movimento punk foi assimilado pela indústria da moda, que não tardou para absorver o visual rebelde e repleto de sex appeal das bandas punk e de seus seguidores.
A influência do movimento é tão grande que, em 2013, o Costume Institute, do Metropolitan Museum, inaugurou uma exposição para mostrar o impacto do estilo punk sobre grandes estilistas.
De Vivienne Westwood, que acabou se tornando uma das principais designers da indústria, sempre mantendo um discurso politizado, à Givenchy, uma das maiores grifes de luxo do mundo, a estética underground é uma das principais tendências da moda.
Outro mérito do movimento punk foi fazer a fusão entre arte moderna e cena fashion. O grafite e a bricolagem, por exemplo, foram assimilados por marcas como Louis Vuitton e Helmut Lang, reforçando a ideia do DIY.
Com frases de impacto, rasgados ou estampas extravagantes, o guarda-roupa masculino contemporâneo foi invadido por camisetas e regatas (que as mulheres também adoram), compondo looks versáteis e casuais. Os designs femininos do estilista Philipp Plein, por exemplo, incorporam essa vibração, expressando a proposta punk da sua estética.
Genderless
Vale ressaltar que o estilo punk foi um dos primeiros a apostar no visual unissex e na força feminina. Graças às bandas punk, nomes como Patti Smith e Debbie Harry passaram a liderar grupos musicais e a influenciar mulheres do mundo todo.
Anos depois, na década de 90, o movimento punk inspirou bandas como o Nirvana, servindo de base para o movimento grunge, e o estilo de cantoras como Courtney Love, que adotaram o look meia arrastão rasgada, vestidos curtos e tops fetichistas.
Tendência
Atualmente, jovens estilistas, como Alexander Wang, ajudam a propagar a vertente punk da moda. Botas pesadas, com plataformas gigantes, e sandálias cheias de spikes são criações recorrentes no universo do designer americano. O italiano Riccardo Tisci também traz para as passarelas o mood dark e transgressor do punk, usando e abusando de piercings e vestidos camisola.
Para adicionar ainda mais glamour à tendência punk, publicações, como a revista Vogue, mergulham com frequência nesse universo, fazendo editoriais com peças destroyed e looks com direito a cabelos moicano e olhos marcados por sombras pretas.
Além da cena underground da música, ícones de estilo, como a editora Carine Roitfeld, acrescentam detalhes punk em suas produções, mostrando que é possível ser sofisticada e rebelde ao mesmo tempo. “Sempre amei a estética punk. Não tenho nenhum piercing ou tatuagem e nunca raspei meu cabelo. Mas minha visão é punk, tenho uma mente rebelde. Odeio quando as pessoas dizem que algo não pode ser feito”, afirma Carine, que lançou uma revista própria, a CR, e é adepta do look clássico fetichista composto por saias justas de couro e cintos largos.
Faça você mesmo
Quer levar um pouco desse mood para o seu dia a dia? Invista em peças simples, mas impactantes, como jaquetas de couro, coturnos, jeans puídos e camisetas de bandas.
Slip dresses também entram nessa lista, especialmente quando combinados com acessórios pesados, como bolsas customizadas com grafites e cintos à la corset.
O accessório principal, porém, é uma forte dose de rebeldia e atitude. Aumente o som e divirta-se!
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